Dez dias depois de termos publicado uma peça sóbria e factual sobre as origens familiares de Jerónimo Carvalho de Sousa, o secretário-geral do PCP reagiu apelidando o nosso trabalho de “repugnante” por (alegou ele) pôr em causa as suas “origens operárias”.
Jerónimo de Sousa aproveitou uma entrevista dada à agência Lusa para algo despropositadamente, se referir em termos grosseiros ao trabalho dos repórteres do Tal&Qual. Que diz Jerónimo? Que o nosso artigo “procurou atingir a sua mãe” e “enlamear” a sua “vida de trabalho, desde os 14 anos, no duro”. Quem o ouvisse e não tivesse lido o artigo do T&Q, pensaria que o tínhamos injuriado publicando falsidades.
Esta diatribe não pode passar sem resposta.
O que o Tal&Qual publicou está claríssimo, não se presta a interpretações malévolas e não visou ofender Jerónimo de Sousa ou qualquer seu familiar. Numa peça escrita com todo o respeito pelas pessoas referidas e pelo estrito rigor dos factos, limitámo-nos a contar como o pai biológico de Jerónimo fora o abastado empresário Rafael Morais, patrão de sua mãe, Olímpia Carvalho. Contámo-lo com o escrúpulo que o tema requeria – e sublinhámos mesmo que Jerónimo nunca aceitou as ofertas de fortuna e herança que o pai biológico lhe fez, preferindo manter fidelidade aos seus ideais comunistas e optando por uma dura vida de operário. Recordámos como, rejeitando os avanços de Rafael Morais, sempre disse: “O meu pai é o marido da minha mãe”, António de Sousa, que o perfilhou.
Estes são os factos, públicos e comprovados, que o T&Q relatou no mais absoluto respeito pelas pessoas envolvidas e que Jerónimo de Sousa, na sua atabalhoada diatribe, não pretendeu sequer pôr em dúvida. Assim sendo, por que razão ficou ele tão enxofrado, a ponto de lhe saltar o verniz e usar termos que, esses sim, deviam repugnar-lhe?
Só encontramos uma explicação: do que Jerónimo não gostou foi de ver publicada uma história que talvez preferisse ver omitida.
Temos pena. Mas o T&Q não está cá para reescrever a história à conveniência de cada um.