Cada vez que abre a boca, o inenarrável bispo do Porto envergonha a Igreja e todos quantos dentro dela, a começar pelo Papa Francisco, merecem o respeito, e em muitos casos a admiração, mesmo dos que, como eu, não sendo crentes, reconhecemos o papel decisivo que a Igreja muitas vezes desempenhou. Mais: e de cada vez que essa mesma Igreja, com a sua inação e omissão, parece pactuar na prática com as alarvidades proferidas por Manuel Linda, está gravemente a colocar em causa todo o capital de credibilidade que possui aos olhos da sociedade portuguesa.
O juiz Carlos Alexandre, que foi durante anos assim uma espécie de ‘ai jesus’ de um certo país caraterizado pela mesquinhez e pela inveja, anunciou através dos seus habituais porta-vozes estar na disposição de concorrer a juiz-desembargador. Há anos, conta-se, teria recusado essa hipótese, em nome daquela suposta caminhada ‘justiceira’ que tanto se ufana de protagonizar. Hoje, ao virar o bico ao prego, e ao tentar um lugar na Relação, Carlos Alexandre no fundo está a admitir aquilo que muitos já tinham percebido – que o País já se cansou do estilo e dos seus habituais ‘números’.
Causa no mínimo alguma estranheza o governo ter lançado um concurso público internacional para a concessão da zona de jogo do Estoril sem que o caderno de encargos possua uma única cláusula de caráter qualitativo onde possa ser avaliado o perfil reputacional dos concorrentes, e onde o vencedor é apenas apurado por uma simples e ‘perigosa’ questão de preço – ainda por cima num tipo de negócio que, convenhamos, muitas vezes traz atrás de si um rasto de outras atividades bem menos recomendáveis.
Por outro lado, e ainda a propósito do referido concurso: não sei se no governo alguém já se deu ao trabalho de fazer as contas da proposta aparentemente vencedora que, diga-se de passagem, também ainda ninguém percebeu bem a quem pertence. É que a mesma implica que os supostos novos concessionários, só pelo facto de o Casino de Lisboa apenas vir a funcionar em 2026, ou seja três anos após o início da futura concessão, beneficiarão de um desconto de 30 por cento sobre o mínimo da contrapartida anual fixa, ou seja, assim por alto, entrarão obrigatoriamente nos cofres do Estado menos cerca de 70 milhões de euros.