DIRECTOR: MANUEL CATARINO  |  FUNDADOR: JOAQUIM LETRIA

TVI sem antídoto

A TVI não consegue encontrar um antídoto que a coloque na liderança das audiências. Foram várias as promessas, vários os entusiasmos, mas quando fecha o dia a SIC continua com a camisola amarela.

‘Festa e Festa’ é o grande trunfo da TVI e já vai, se não estou em erro, na sua sétima versão. Quando por razões excepcionais qualquer outro programa da TVI ganha o dia, aí temos logo o canal a confessar-se vencedor e campeão, para cair no dia seguinte.

Quer na SIC quer na TVI há programas-âncora que fazem subir, e outros descer, a média do dia, de uma forma regular. São os dois principais serviços noticiosos: o ‘Jornal da Noite’ na SIC, o ‘Jornal Nacional’ na TVI.

Há quem diga que não devemos voltar ao lugar onde já fomos felizes. Não acho que se deva levar completamente à letra tal afirmação, e muito menos neste caso, já que o actual ‘Jornal Nacional’ sofreu uma profunda transformação cosmética, tão profunda que retirou força ao conteúdo, isto é, às notícias, que é o material de que um jornal é feito. Aliás, pouco tempo depois de ressurreição do ‘Jornal Nacional’ apontei exactamente estas dúvidas. E assim, se o ‘Jornal da Noite’ da SIC puxa a média da estação para cima, o ‘Jornal Nacional’ tem o efeito contrário, na TVI. Não adianta listar os programas anunciados com grandes fanfarras e que acabaram muito longe dos seus objectivos. Foram vários e penso que caros. E não deixa de ser triste ver o canal agarrar-se de novo ao ‘Big Brother’ por falta de soluções. E por falar em reposições, óptima a opção da SIC de colocar o ‘Salve-se Quem Puder’ nos serões dos Domingos. Foi bem no alvo, porque além do valor próprio beneficia do fraquíssimo ‘Casamento Marcado’.

 

O melhor de Gershwin

Durante o mês de Julho realizou-se um conjunto de eventos em Lisboa, a que deram o nome de ‘Festival ao Largo’. O Largo é o do Teatro São Carlos e o Festival foi um conjunto de realizações ligadas à música e todas de altíssima qualidade. Essas realizações foram praticamente diárias com muito poucas excepções e a entrada foi gratuita. Com o beneplácito de uma meteorologia cúmplice, já que os espectáculos eram ao ar livre, o Largo e as suas vizinhanças encheram-se de espectadores, portugueses e estrangeiros, que aplaudiram os vários intervenientes. Foi pena não ver mais jovens na plateia, mas concorrer com o NOS Alive e outros idênticos não é fácil.

Assisti a uma das duas noites dedicadas a George Gershwin, compositor de que gosto particularmente desde a minha juventude. A sua ‘Rhapsody in Blue’ é perfeita e está destinada a sobreviver ao próprio tempo. Apodera-se do ouvinte e não o larga até à última nota. Mário Laginha, ao piano, esteve impecável, acompanhando pela Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida pela maestrina Joana Carneiro.

Na segunda peça juntou-se o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, a soprano Sílvia Sequeira e o barítono André Baleiro. Interpretaram excertos de uma obra-prima de Gershwin: a ópera ‘Porgy and Bess’. Composta em 1935, nasceu como uma denúncia da pobreza e da exploração da população negra na zona das plantações de algodão. A Broadway queria que fosse interpretada por actores brancos com a cara pintada de preto. Gershwin não permitiu. ‘Porgy and Bess’ deixa para a posteridade a canção ‘Summertime’, hoje um verdadeiro clássico, cantada por centenas de intérpretes. (RTP2 – RTP Play – 15.07.2023)

 

A nuvem

Você usa a ‘nuvem’ para armazenar as suas coisas como, por exemplo, fotografias, documentos, músicas? Eu nunca usei porque o termo ‘nuvem’ me fazia e continua a fazer alguma confusão. A SIC Notícias acaba de transmitir uma edição do programa de informação mais antigo do mundo, ‘Panorama BBC’, dedicado exactamente à explicação do que é a ‘nuvem’. E agora que já sei mais sobre o que é e como funciona, continuarei a não armazenar nada na ‘nuvem’ não vá um dia chegar uma trovoada, um choque entre duas nuvens do mesmo sinal.

O conceito de facto é impressionante, mas os seus efeitos podem ser devastadores pelo simples facto de ‘nuvem’ ser um conjunto de milhões de servidores ligados em rede: cada um desses servidores armazena um número inimaginável de dados e por isso consome imensa água e energia. Em determinados sítios dos Estados Unidos, onde há uma maior concentração de centros de dados, é possível ver que há rios cujo nível vai descendo, por exemplo. São esponjas. E por isso alguns são construídos em locais estranhíssimos para serem alimentados. Na Noruega existe um que parece o esconderijo de um inimigo de James Bond.

Sr. Televisão

Carlos Cruz