Confesso que, tendo sido jornalista até finais do século passado, nunca me passou pela cabeça voltar a meter-me nestas vidas. Fi-lo agora, desde há dois anos e picos, envolvendo-me, enquanto acionista e gestor, no projeto de ressurgimento de um título onde, no início dos anos 80, tive a sorte de me iniciar nas lides do jornalismo. Só mesmo o Tal&Qual me faria voltar a este mundo…
Chegados ao número 100, praticamente dois anos depois de o primeiro número da II Série ter chegado às bancas, é caso para dizer que este Tal&Qual é claramente uma aposta ganha. E ganha, na verdadeira aceção do termo, em todos os sentidos: na extraordinária aceitação que voltou a ter junto de um público hoje bem diferente de antes; na forma rigorosa, profissional e simultaneamente ousada como é feito todas as semanas; e também no lugar que rapidamente, pese os arautos da descrença, voltou a conquistar no panorama da cada vez mais problemática imprensa portuguesa.
O segredo, para mim, é fácil: este jornal é feito com alegria, com vontade e com imaginação. Com o rigor e a exigência que foram sempre seu timbre. E com a coragem que infelizmente tem faltado a outros, hoje habituados a um confortável ‘rame-rame’, comodismo esse que só tem contribuído para a perda de vendas e audiências de uma imprensa outrora pujante.
A equipa que faz este Tal&Qual chegou para mostrar que ainda se podia fazer um jornalismo tão diferente quanto irreverente. E está aqui para, sem teias ou amarras, e principalmente sem medo, contar o que os outros não contam – o que, para os outros, muitas vezes por razões penumbrosas, surpreendentemente não é notícia. Uma equipa experiente, tarimbada, com memória, e principalmente com uma enorme vontade de mostrar que ainda se pode fazer jornalismo em Portugal – no fundo, contar a vida tal e qual ela é!
Uma equipa a que conseguimos juntar um sempre disponível fundador deste título, Joaquim Letria, um notável naipe de colunistas, milhares de leitores fiéis e amigos desde sempre disponíveis a encorajar-nos, a contribuir para que possamos ultrapassar uma ou outra dificuldade, e permanentemente prontos a estimular-nos.
Assim dá gozo fazer o Tal&Qual!
PS: O óbvio agradecimento ao Jorge Morais, por ter-me (uma vez sem exemplo…) cedido este espaço, e também, claro, por ter levado a sério o convite que lhe fiz em Novembro de 2020…