DIRECTOR: MANUEL CATARINO  |  FUNDADOR: JOAQUIM LETRIA

Quando vale bastante… ou tudo

O ‘Vale Tudo’ é um dos bons trunfos que a SIC tem para conquistar as noites de domingo e que também beneficia da embalagem adquirida no ‘Jornal da Noite’ e ainda mais no ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’ que são reconhecidamente dois líderes do ‘prime time’.

O programa até nem tem nada de complicado, com excepção da prova do cenário invertido, que é perigosa e eu não entendo porque é que a SIC insiste em mantê-la. Não haverá melhor? O risco varia de pessoa para pessoa, mas uma duração longa naquela posição pode ter consequências desagradáveis e mesmo graves.

O ‘Vale Tudo’ é um programa de sucesso. Não sendo complicado, como já disse, tem a seu favor o ‘factor humano’ mais concretizado pelo talento de César Mourão e de Rui Unas que dinamizam os restantes participantes que completam o grupo de ‘convidados’. João Manzarra está igual a si próprio, isto é, muito bem. É cúmplice das situações e tem um sentido de humor que sabe usar sem tentar competir com Mourão e Unas.

Todos os participantes se entregam completamente à realização de cada prova, assumindo o seu espírito e, melhor do que tudo o resto, divertem-se, transmitindo para os espectadores esse divertimento que nos contagia. ‘Vale Tudo’ vale a liderança no seu horário.

 

Vai bem e racha melhor

A TVI estreou no dia 30 de Janeiro o seu novo concurso ‘Vai ou Racha’ que é uma adaptação do popular concurso americano ‘Let’s Make a Deal’ que continua no ar até hoje, tendo-se estreado em 1963. Um dos seus criadores, Monty Hall, foi também o seu primeiro apresentador, função que desempenhou durante 40 anos.

Nos Estados Unidos, os concorrentes e os espectadores no estúdio, em qualquer concurso de TV, manifestam o seu entusiasmo da forma mais exuberante e ruidosa, mesmo que o concorrente ganhe um prémio de pouco valor.

A versão da TVI, que tem o título de ‘Vai ou Racha’, está muito bem conseguida. A plateia não se afasta muito do ambiente da versão americana e mesmo os concorrentes reagem com o entusiasmo que lhes é pedido e acrescentam mais qualquer coisa, criando um óptimo ambiente no estúdio.

O apresentador é o actor, que muito aprecio, Pedro Teixeira, que também tem feito excelentes trabalhos de apresentação. Nestes primeiros episódios Pedro tem estado bem, mas tem estado a garantir os ‘serviços mínimos’. Tenho a certeza de que, com a prática, atingirá um patamar de grande qualidade, quando se habituar ao ambiente do estúdio, ao manuseamento do dinheiro que deve oferecer – mas mantendo o clima de negócio (‘deal’) – e quando conseguir criar ‘suspense’ ou dúvida no concorrente, mas sem nunca o encaminhar para o pior prémio. O Pedro arrisca-se a ficar a apresentar o ‘Vai ou Racha’ durante 19 anos, como acontece com Fernando Mendes e o ‘O Preço Certo’.

O programa estreou-se a liderar o horário e, embora eu esteja a escrever depois de apenas 3 sessões, não tenho dúvidas que se manterá nessa posição, enquanto for transmitido nesse horário, isto é, imediatamente antes de entrar no ar o ‘O Preço Certo’. Não sei o que fará a TVI quando acabar o programa ‘A Ex-Periência’ dos casais. Tem duas hipóteses: ou arranja uma solução para o ‘slot’ onde está agora o ‘reality show’ e mantém o ‘Vai ou Racha’ no horário actual ou sobe este para o horário deixado livre pelo ‘A Ex-Periência’. Neste caso, Pedro Teixeira entrará em concorrência directa com Fernando Mendes e será um caso para acompanharmos.

Já aqui disse que o ‘O Preço Certo’ já não é o ‘O Preço Certo’, mas sim o programa do Fernando Mendes que tem um grau de popularidade, empatia e aceitação, que construíram uma fidelidade ‘à prova de bala’. A arma do ‘Vai ou Racha’ é apenas o seu conteúdo, puro e duro. Acredito que na fase inicial chegue a andar perto dos calcanhares do ‘O Preço Certo’, podendo mesmo, esporádica e dificilmente, fazer melhor audiência, mas, a médio prazo, o ‘O Preço Certo’ continuará com os louros de campeão.

Sr. Televisão

Carlos Cruz