O Diabo existe: está na televisão
Vittorio Gassman, Actor de cinema e teatro, realizador, escritor e guionista italiano (1922-2000)
Big Brother versão 16.0 com enxerto
O reality show ‘Big Brother’ (BB) estreou-se na TVI no dia 3 de Setembro de 2000. Teve até hoje 8 edições regulares, 5 edições com famosos e 2 edições especiais. 15 no total.
O reality show ‘O Triângulo’ estreou-se no dia 26 de Fevereiro passado, produzido também por uma empresa do Grupo Endemol-Shine, a Banijay.
A estreia de ‘O Triângulo’ foi antecedida por uma campanha massiva de promoção em que se anunciava um reality show “inédito” feito de novidades que o tornariam único, inovador. Mais do que isso, a promoção, subliminarmente, sugeria algum parentesco com o ‘Squid Game’, o violentíssimo programa sul-coreano, transmitido pela Netflix: foi utilizado o tema musical do mesmo, a Cristina vestia de encarnado, a cor de uma das equipas, e o triângulo é um dos símbolos identificadores no ‘Squid Game’. Portanto, natural era que a expectativa fosse enorme e que essa expectativa gerasse uma audiência enorme, à espera de ver uma grande novidade na televisão nacional, pela mão da TVI. A apresentação das galas estaria entregue a Cristina Ferreira que provou bastante competência quando desempenhou o mesmo papel no ‘Big Brother’. Nos comentadores, a inclusão da Susana Dias Ramos é um ‘upgrade’. Portanto, fasquia alta, à espera de um reality inédito. Estou a escrever três dias antes da segunda gala, depois de alguns ‘Diários’ e de um ‘Extra’. Não gostei do que vi.
Na gala de estreia, com tanta troca e baldroca, entradas e saídas, embora a Cristina dissesse que no ‘Triângulo’ o que parece não é, o que não parece é, e o que parece pode ser, cheguei ao fim e concluí que não me parece nem é. Ou melhor, o que vi não é mais do que a versão 16.0 do ‘Big Brother’ com um enxerto de ‘A Quinta’, com capataz e tudo, só faltando os animais. Mas não perdi a esperança de os ver por ali, qualquer dia.
Alterar a casa, o número de concorrentes, e inventar cinco duelos cá fora, para facturar com a ‘app’ a quem quiser ser membro VIP, não faz ‘O Triângulo’ diferente do BB, enxertado com ‘A Quinta’. Ineditismo, até hoje, não descobri nenhum. Uma expulsão à terça-feira é que é a diferença, com uma mini gala sem público, com a Cristina Ferreira? Se calhar no domingo expulsam mais uns quantos porque têm de diminuir a confusão na sala. Os concorrentes não têm a qualidade, até ver, dos concorrentes do BB. E desde o primeiro dia, estão ali para discutir, conflituar. É natural desconfiar que têm instruções para isso. Começou muito cedo! Se não é, parece. Mas como o que parece não é… fico na dúvida!
Entretanto a SIC vai estrear ‘Os Traidores’, apresentado por Daniela Ruah. A Ruah tem tudo para fazer bem, com a prática que tem de usar a câmara, e ‘Os Traidores’ é um desafio ao raciocínio dos espectadores que tentarão encontrar soluções, o que é óptimo para ver em grupo e em família. Tem todas as condições para fazer muita mossa ao ‘Triângulo’.
Antes que seja tarde!
Nunca se falou tanto de “nazismo” e de “nazis” como neste último ano, muito por causa da guerra na Ucrânia e pela utilização frequente por Vladimir Putin do termo “desnazificação”.
Não sei até que ponto as gerações jovens actuais sabem ou têm uma ideia do que é, principalmente do que foi, o nazismo, além da ideia geral de que Hitler mandou matar os judeus, em câmaras de gás, existindo bastantes provas, no que resta e que se conservou dos campos de concentração e das suas câmaras de morte. Também não sei se esse conhecimento, que presumo superficial, tem alguma influência na formação das camadas mais jovens que não tenham sentido crítico ou que cresçam em ambientes onde sejam sujeitas a propagandas de significado nazi. Seria importante que elas percebessem o verdadeiro significado e história de um dos regimes mais sinistros que alguma vez se implantaram na sociedade humana. Acho, portanto, útil e importante que se assista na RTP2 ou com a ajuda da RTP Play a uma série de três episódios documentais, com a qualidade inatacável da BBC, chamada ‘A Ascensão dos Nazis’. Documentos, imagens e depoimentos de personalidades que assistiram ou estudaram os anos da ditadura nazi são muito importantes, para se impedir que cresçam as ideias e ameaças que andam por aí. Antes que seja tarde!