DIRECTOR: MANUEL CATARINO  |  FUNDADOR: JOAQUIM LETRIA

As nossas Forças Armadas ao que me parece vivem actualmente num limbo. De quando em vez sucede um acontecimento insólito que nos faz crer que “something is rotten”, como escrevia Shakespeare no Hamlet.

Os nossos chefes devem devotadamente rezar todos os dias à noite para que nada suceda que os coloque em situação de instabilidade no seu alto cargo.

Creio até que o Chefe do Estado-Maior do Exército deve ser aquele que tem o risco mais reduzido de lhe acontecer algum percalço. Isto porque à medida que o tempo vai correndo menos pessoal está sob o seu comando. A pirâmide, a antiga pirâmide está transformada num sólido em que a base quase não existe e o CEME pelo menos, com mais ou menos artifícios, vai cuidando da sua estabilidade.

Que Deus o ajude. Deus é Grande como regularmente invocam os nossos irmãos do Islão.

Eu por mim também lhe desejo a maior sorte. Pertenço à mesma tribo, mas agora com as calças pretas.

Porém o mal dos outros não é o nosso bem. O roubo de TANCOS e o crime nos COMANDOS continuam a pesar na nossa memória colectiva.

Pergunto ingenuamente, qual é o estado da situação? Ah! Já sei. Está tudo entregue na Justiça que resolverá com a independência necessária. À Justiça o que é da Justiça!

Têm-se cometido crimes graves em instituições que deviam ser modelos de cidadania. Mas infelizmente estamos a tornar-nos anedotários o que se torna confrangedor e que me toca profundamente.

Convém não esquecer que eu também faço parte da tribo das calças pretas!

Vejo agora a Marinha dar-nos uma pequena ajuda. Nunca pensei tal!

A embarcação da Madeira por isto ou por aquilo, que não sabemos bem, ficou encostada ao cais. Tal como se diz em linguagem tauromáquica, encostada às tábuas.

Julguei que éramos os mais desastrados e inaptos. Enganei-me! Se calhar é porque agora usamos calças pretas!

NOTA: Os uniformes do Exército eram constituídos por um dólman e calças cinzentas. Porém, desde 2019, um designer alterou a cor das calças que agora são pretas. ‘Fashion oblige’, não se discute! (Esta explicação serve para justificar a ironia das calças pretas).