DIRECTOR: BRUNO HORTA  |  FUNDADOR: JOAQUIM LETRIA

Há coisas que custo a entender. Temos um ministro das Finanças a papaguear que as taxas de imposto têm vindo a baixar, e o mesmo envia um Plano de Estabilidade para Bruxelas em que a carga fiscal aumenta: este ano, novo recorde de 37,3%. Ou seja, bem mais de um terço do PIB advém das receitas do Fisco e da Segurança Social.

Ora bem, nestes tempos de IRS, olho para o meu exemplo e ainda menos percebo. Baixaram os impostos? Mexeram nos escalões? Sou daqueles que bem gostava de pagar a taxa máxima de imposto. Era sinal de que facturava bem. Infelizmente, não é assim. No ano passado, trabalhei mais e ganhei mais uns 3500 euros do que em 2021. Feitas as contas, fiquei de cara à banda: na colecta líquida vou pagar mais mil euros para o Fisco.

Portanto, quase um terço do que consegui, e me saiu do pêlo, vai para o Estado. Até poderia estar tudo bem, se por acaso tivesse médico de família – só mesmo no papel -, se tivesse transportes em condições para o trabalho – azar o meu, que tenho de deslocar-me em viatura própria e pagar IUC, seguros, inspeções, manutenção, combustíveis – ou se os meus filhos, estudando em escolas públicas, não tivessem de pagar propinas.

Conclusão: carga fiscal, o Diabo que a carregue. Depois queixam-se de que a economia paralela continua a crescer…