A minha mãezinha teve seis. Todos em casa com o apoio dedicado da parteira dona Maria. A urgência mais próxima ficava a 20 quilómetros da minha aldeia, mas felizmente nunca foi preciso. A dona Maria estava presente em todas as aldeias da freguesia, sempre que lhe pediam.
Apesar de tudo, com alguma frequência era noticiado um bebé nascido a bordo de uma ambulância com o parto ajudado pelos bombeiros e todos ficávamos felizes.
O que se passa agora parece de outro mundo. Abertura de telejornais com urgências encerradas, primeiras páginas de jornais a informar sobre maternidades fechadas. Como é possível?
Há menos nascimentos dizem as estatísticas.
Há mais médicos, diz a Ordem, que, por isso mesmo, continua a barrar o acesso à Universidade.
Há mais dinheiro diz o Doutor Medina que é só o Ministro das Finanças.
E pelos vistos também há mais incompetência em qualquer degrau deste circuito. Será que temos de voltar ao tempo em que as cegonhas entregavam os bebés em casa?