Cansam estes “activistas climáticos”, cópias caricaturais do folclore puído dos anos 60, cansa a gritaria inútil contra inimigos longínquos a propósito de coisas que não se resolvem assim.
Cansa o espectáculo pobre e repetitivo daqueles três minutos fatais de telejornal, a futilidade das pancartas, o ridículo dos ares ofendidos das meninas coladas ao chão (que afinal se descolam com a maior das facilidades).
Cansa o despropósito que é vandalizar obras de arte (e com isso rejeitar a cultura da civilização de que essas obras brotaram), partir montras (e com isso acometer contra a propriedade) ou furar pneus (e com isso desrespeitar a liberdade alheia).
Cansa toda esta peça de mau teatro que não passa de imitação barata do que outros patetas já fizeram noutros países e que os nossos “activistas” viram na internet e se apressaram a copiar (até os slogans são traduzidos).
Cansa esta farsa que deambula entre a Rua da Palma e as televisões da parvónia, directamente das catacumbas “fracturantes” para o deslumbramento juvenil das telejornalistas.
Cansam as frases feitas que os “activistas” martelam como bonecos animados, com os olhos esgazeados, em tom monocórdico, como se tivessem sido decoradas minutos antes numa operação de lavagem ao cérebro, numa sessão de hipnose colectiva.
Cansa a retórica catastrófica: “estamos em guerra”. Cansa a afirmação gratuita: “as emissões de 2021 condenaram à morte 9 milhões de pessoas”. Cansam os “eles”, os alvos difusos nunca identificados: “a cada hora as empresas e governos condenam mais mil pessoas”. Cansa a manipulação descarada, cansa o agit-prop ao estilo da revolução permanente de há cem anos.
Cansa a comparação parva e ofensiva com Buchenwald: “Nós estamos em 1937 na Alemanha. Neste momento, estão campos de concentração a ser construídos e já estão pessoas a morrer”. Cansa o desvario da equiparação: “Estão neste preciso momento a matar milhares de pessoas, a despejar dezenas de milhões, a queimá-las vivas, a afogá–las, estão neste preciso momento a condenar milhões de pessoas a câmaras de gás, só que, desta vez, os gases são de efeito de estufa e a câmara é o planeta inteiro”.
Cansa o psitacismo, a dependência umbilical dos climáximos portugueses do grupelho inglês Extinction Rebellion, que lhes dá os sloganse os métodos.
Cansam a vitimização e o martírio, com acusações de agressão bárbara (porque a polícia os retira das ruas que entopem) e de atentado ao pudor (porque os revistam na esquadra).
Cansam os manuais de “resistência” às “forças repressivas” que prendem os meninos que destroem propriedades e impedem o trabalhador comum de se deslocar porque eles se lembraram de bloquear uma rua por causa do carbono na China ou do lítio no Chile.
Cansam as instruções dos chefes climáticos sobre o que os “activistas” devem fazer em caso de caírem nas garras “fascistas” da PSP, tentando imitar grosseiramente o livro comunista de 1949 “Se fores preso, camarada…” – o que constitui não apenas um abuso mas também um insulto.
Cansa a complacência dos suspeitos do costume perante esta pantomima. Cansa a desculpa de que são “jovens”, como se ser jovem fosse ser lorpa.
Cansa o ódio à Europa e o elogio da pobreza. Cansa aquela velha lenga-lenga, justificadora de todas as ditaduras, de “estar do lado certo da história”.
Cansa, cansa, cansa.