Qualquer criança de peito sabe como surgiu o Super-Homem, mas não custa relembrar. Krypton, um planeta para lá de Bagdá no sistema solar, começou de repente a esquentar. Um cientista, Jor-El, tentou alertar seus pares para o risco de uma iminente explosão. Mas aqueles sábios, tolos e soberbos, não o escutaram.
Então Jor-El construiu um foguete onde depositou seu filho recém-nascido, Kal-El, e mandou-o para o espaço, para que se salvasse e reconstruísse a avançada civilização de Krypton em outro lugar. Como Kal-El iria fazer isto sem uma parceira e por que Jor-El escolheu logo a Terra, só os entendidos podem explicar. O fato é que, enquanto Krypton explodia lá atrás, o foguete com Kal-El viajou de mansinho rumo à Terra – e o resto é história.
A saga do Super-Homem foi criada por dois jovens, Jerry Siegel e Joe Shuster, em 1938. Naquela época, havia fumaça de guerra na Europa, mas ninguém diria que o mundo estava em perigo de acabar. Tantos anos depois, e sem nenhuma ameaça séria de guerra mundial à vista, a Terra pode acabar como Krypton – não com uma explosão, mas como um ovo que, estalado em água fervente, passou, e muito, do ponto.
Com o aquecimento global, as geleiras vão derreter, encher os mares e inundar as cidades. Estas, por sua vez, conhecerão temperaturas insuportáveis, assim como o campo, cujas terras férteis se tornarão desérticas. Espécies animais e vegetais se extinguirão. Prevêem-se incêndios terríveis. A fome sobrevirá e, com ela, doenças como a malária e a febre amarela atingirão a Europa. O Primeiro Mundo será rebaixado a Terceiro. E o Terceiro, a Quinto. E isso é para daqui a pouco, quase já.
Falta-nos um Jor-El para mandar um bebê para o espaço, a fim de reconstruir a Terra em outro lugar. Mas, sinceramente, não sei se será uma boa idéia.