Há muitas colheres de pau do exterior, ou dos de sempre, mexendo no panelão da África. Daí procede o esquecimento estratégico de ocorrências que a partir de 1961, no Congo belga, foram derrubando as mal fundadas esperanças do desgraçado continente. No passado dia 29 de Junho, finalmente, receberam sepultura na República do Congo os restos mortais de Patrice Lumumba. Sessenta e um anos depois do seu assassinato… é obra. A captura de Lumumba pelos recrutas dos de sempre aconteceu a 14 de Fevereiro de 1961, assistia ele ao funeral de sua filha. Mas, a 17 de Setembro do mesmo ano, os de sempre (que o diga o The Guardian), urdiram em pleno conflito no Congo belga o derrube do avião que transportava o então secretário-geral das Nações Unidas, Dag Hammarskjold, sueco, de quem John Kennedy era admirador. Entre os implicados na eliminação de Lumumba figurava Mobutu, o ditador genocida e autor de um infindável latrocínio na hoje designada República Democrática (!) do Congo. Da sua glorificação pelos de sempre encarregar-se-ia Mário Soares, que, em visita de Estado, ao descer do avião no aeroporto de Kinshasa, abraçou com efusão o criminoso ditador congolês. As provas de empatia seguir-se-iam a bordo do luxuoso iate do autocrata africano ancorado a meio do rio Congo, com Mobutu e Soares em pose de segredos, falando baixinho. Um país livre e igualitário, em África, só mesmo a homens como Lumumba interessaria. No dia do seu assassinato, Mao Tsé Tung celebrava em Pequim, na praça de Tiananmen, o Primeiro de Maio. O orador convidado era Ernesto Che Guevara e entre a multidão achava-se um ‘estagiário’ da guerra de guerrilhas, o bissau-guineense ‘Nino’ Vieira, um libertador africano sem aposentos de invejar na lusofonia que foge a sete pés dos ruídos do passado.
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