Finalmente a Justiça pronunciou-se sobre a lama que Ana Gomes atira sistematicamente para cima daqueles que lhe desagradam. O Tribunal do Bolhão, no Porto, julgou na última sexta-feira as injúrias que a antiga eurodeputada lançou contra Mário Ferreira, dono da empresa de cruzeiros Douro Azul e principal accionista da Média Capital (TVI e CNN Portugal). Pena decidida pelo tribunal: multa de 140 dias, à taxa diária de 20 euros, e uma indemnização de oito mil euros por danos não-patrimoniais ao empresário.
O caso remonta a 2019. No seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, Ana Gomes disse em Março daquele ano que o negócio do ferryboat Atlântida, que tinha tido a participação de Mário Ferreira, era “um esquema completamente corrupto” (o empresário é alvo constante de Ana Gomes na SIC Notícias, pelo que se pergunta o que não seria se a TVI tivesse alguém a atacar constantemente Balsemão, patrão da SIC, e os seus negócios?).
Semanas depois, a 7 de Abril, ela voltou à carga: escreveu na rede social Twitter (agora designada X) — em resposta a um ‘post’ do primeiro-ministro, António Costa — que o dono da TVI é um “notório escroque/criminoso fiscal”. Mário Ferreira processou-a por difamação agravada e o julgamento começou em Fevereiro do ano passado.
Julgando apenas a expressão “notório escroque” — que por certo Ana Gomes traduziu de forma atabalhoada do inglês “notorious crook” —, a juíza do Tribunal do Bolhão entendeu que a diplomata e antiga dirigente socialista “quis atingir o empresário bem como o cidadão, abalando a sua credibilidade, pintando-o como um homem que vigariza”. E acrescentou: “Uma coisa é criticar, outra é atingir”, logo, a expressão “notório escroque” era “totalmente desnecessária”. Toma lá que já almoçaste!
Alô, amigos da ERC
Ana Gomes saiu condenada, mas claro que anunciou que vai recorrer da sentença. Dois dias antes, em Lisboa, a truculenta comentadora tinha estado envolvida em mais um dos casos e casinhos em que é campeã. Voltou a fazer truz-truz na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com queixinhas sobre o Tal&Qual. A antiga eurodeputada e ex-vereadora da Câmara de Sintra não se conforma com a vigorosa cobertura que este jornal tem feito das ilegalidades em torno das obras de construção civil na sua mansão de Colares (que herdou do marido, o embaixador António Franco, falecido em Julho de 2020).
A queixinha deu entrada a 16 de Junho, por “violação do dever de rigor informativo e do direito ao bom nome e reputação” em notícias nossas publicadas a 17, 24 e 31 de Maio, e a 7 e 14 de Junho. Um fartote! Como sempre acontece, porque é de lei, a ERC pediu às partes para se juntarem numa reunião e chegarem a acordo antes de a queixa avançar — e a “audiência de conciliação” lá teve lugar no dia 6, quarta-feira passada.
Claro que o T&Q não tem de se conciliar com Ana Gomes porque nada tem contra a ex-eurodeputada: damos notícias que a envolvem porque elas têm interesse público — ou será que ilegalidades de uma antiga dirigente política deixaram de poder ser noticiadas no estilo editorial que se entenda? De resto, não foi o T&Q que decidiu que houve ilegalidades, foi a Câmara de Sintra, que em Maio até mandou Ana Gomes demolir as obras por não estarem devidamente licenciadas.
Na reunião na ERC, Ana Gomes representou o papel de vítima agressiva. Perante duas juristas do regulador, que conduziam o encontro, fez as suas habituais acusações sem provas. Que somos parte, em conluio com a TVI, de uma “campanha organizada” com o objectivo de a silenciar. Prove o que diz, pediram-lhe os representantes do T&Q. Respondeu a comentadora que está a “coligir” as supostas provas. Ou seja, não consegue provar nada, porque o que diz é falso, e ainda sem as supostas provas já tirou conclusões. O melhor veio a seguir, quando, já a entrar no domínio do delírio, Ana Gomes atirou esta frase: “Não me vão calar, a menos que os mandantes desta campanha recorram a outros métodos mais pesados”. Que primor de vocabulário!
A “audiência de conciliação”, como já se esperava, não deu em nada. Mas serviu para o T&Q lhe perguntar, já prevendo que daí a dois dias Ana Gomes perderia na Justiça perante Mário Ferreira, porque é que não processa o nosso jornal. Foi-lhe dito: “Se a senhora se sentisse verdadeiramente lesada, não viria queixar-se à ERC, já teria ido para tribunal. Porque é que não vai?”. Era um favor que nos fazia. A não ser, claro, que a ex-eurodeputada sinta um conforto especial no regulador dos média e tenha aversão a explicar perante um juiz as enormidades que profere na ERC.